sábado, 12 de fevereiro de 2011

VW Gol perde a atração na versão de entrada


O primeiro automóvel muitas vezes acaba sendo o bom e velho 1.0, não necessariamente com os adjetivos nesta ordem. Veículos com essa motorização responderam por 50,8% das vendas em 2010, com mais de 1,34 milhão de carros. É carro que não acaba mais. E o Volkswagen Gol é o campeão de vendas no Brasil, título que carrega a 23 anos. Uma goleada. Mas é contra time fraco. Ele é só mais um na vala comum do “carro popular”. Tem preço acessível (para os padrões brasileiros), é fácil de manter e não consome tanto combustível. Mas ao menos o eterno compacto da Volks é um dos expoentes do ramo. É como bater e depois fazer carinho.

“Pelado”, o Gol 1.0 parte de R$ 30.050. Não vem com nada. Os vidros, por exemplo, são de manivela e tapete de borracha nem no melhor dos mundos. Ar-condicionado é um sonho opcional de R$ 2.710. ABS e Airbag? Mais R$ 2.280. Já temos aí uma conta de R$ 35.040. Caro para um carro 1.0 popular, não? Custa mais que um novo Jetta nos Estados Unidos. Mas vende como pão quente.

Vamos a bordo do Gol G5, o quinto da dinastia do carro mais vendido do Brasil. A evolução em relação a geração G4 era tão necessária quanto atrasada. Ficou mais moderno, mais bonito, mas nunca será uma maravilha. A aparência do acabamento lembra os primos sofisticados Fox e Polo, assim como a “pegada” do câmbio manual, agora mais ao estilo Volkswagen com trocas precisas e convidativas, e o volante que não é mais torto por causa da coluna de direção ultrapassada. Os populares agradecem.

Acelerando

O Gol, como qualquer outro carro 1.0, é fraco. O motor 1.0 8V flex gera 72 cv com gasolina e 76 cv com álcool, potência atingida em distantes 5.250 rpm. Se quiser andar nessa toada é bom aumentar o volume do rádio (opcional de R$ 1.060), pois o ruído do motor invadirá a cabine. Já o torque máximo de 10,6 kgfm (máximo com álcool), na média do segmento, ainda é pouco para um carro de 934 kg (mais de 1.100 kg com passageiros e bagagem) encarar uma ultrapassagem com mais segurança na estrada ou para superar uma grande subida na cidade.

Por mais que a posição de dirigir do Gol seja boa, talvez a melhor do segmento, estamos ao volante de um carro “pelado”, lembra? E ele não vem com direção hidráulica. Se quiser essa moleza acrescente mais R$ 1.895 no cheque. E vem com “brindes”. A assistência para a direção só é vendida com o pacote Trend, que acompanha chave canivete, antena no teto e, acredite, conta-giros. E olha que a direção do VW sem o auxílio não é nada leve.

A ficha técnica da VW para o Gol 1.0 aponta velocidade máxima de 169 km/h e o tempo de 13 segundos na aceleração de 0 a 100 km/h. Não é nada empolgante, mas o carro também não foi feito para elevar seus índices de adrenalina no sangue. O consumo, por outro lado, abre um sorriso no rosto. Faz 13,5 km/l na cidade e quase 20 km/l da entrada, mas com gasolina. No álcool, os números baixam para 9,5 km/l e 13,9 km/l, o que também são boas médias com etanol.

Em nome do conforto, a suspensão acaba sendo macia demais. É bom para encarar os buracos na cidade, mas, em alguns momentos, o Gol acaba balançando demais, como ao passar por uma lombada ou uma valeta. Já os freios, com discos ventilados na frente e tambor atrás, dão conta de segurar o veículo quando exigido, mas se não tiver ABS vai, inevitavelmente, travar quando o pedal for exigido subitamente, deixando uma marca de borracha dos pneus no asfalto.

Fechando a conta

O Gol é até charmoso com seu desenho que vagamente lembra o refinado Scirocco, cupê oferecido pela Volks na Europa, mas as rodas de aço aro 13” com calotas de plástico nos trazem de volta ao Brasil. O modelo, em certos pontos, supera a concorrência com seu bom espaço interno e prazer ao dirigir, apesar de ser 1.0. Mas tais qualidades são justificadas no preço mais elevado. Um Fiat Palio Fire 4 portas, por exemplo, saí por R$ 28.120 e não varia tanto em qualidade perto do carro da VW.

Além de campeão de vendas, o Gol, graças a herança do modelo G4, também é um dos automóveis mais roubados do país, segundo balanço do Departamento Nacional de Trânsito (Denatran). Pelo fato de compartilhar uma série de componentes com variados veículos novos e velhos da marca, o compacto também acaba sendo o preferido dos ladrões que o depenam e vendem suas partes no mercado negro. Isso, por consequência, torna também o preço de seu seguro mais alto, dependendo do perfil do motorista.
Fonte: iGCarros

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Related Posts with Thumbnails